Poema concebido em Campinas [SP/BRA] set./2003
Argollo Ferrão, A. M. de (2003). A página que estava em branco [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri2/tri2-07/>.
ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008
Argollo, A. (2008). A página que estava em branco. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Vendo, crendo, escrevendo, lendo lendas (pp. 13-14). Campinas [SP/BRA]: O Autor.
A página que estava em branco
Uma folha de papel em branco E uma esferográfica azul – que não falhe, Que deslize sem esforço... Que as letras possam ser desenhadas, E que o poeta possa sentir prazer No passeio pela página em branco... Que vai deixando de estar em branco Por causa do incessante, incansável trabalho Da esferográfica azul – que não falha. Até porque... Se o poeta não consegue escrever o que quer, Ele rabisca... risca... se arrisca... Mas a página deixa de estar em branco, Ou então É arrancada E violentamente arremessada Contra a parede, Contra a falta de inspiração, Contra aqueles que não têm coração. Vejam! A parede... Também está em branco. Nenhum quadro, Nenhuma prateleira, Ninguém deixou sua impressão. Vale a pena iniciar nova empreita, Escrita escorreita, feita Com amor no coração. Mas... Cadê a esferográfica azul? Cadê o poeta e sua ira? Cadê a gana por uma nova lira?