Batuque da ilusão

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] set./2005

Argollo Ferrão, A. M. de (2005). Batuque da ilusão [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri2/tri2-135/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Batuque da ilusão. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Vendo, crendo, escrevendo, lendo lendas (p. 122). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Batuque da ilusão
O batuque que marca o ritmo do meu pensamento
Soa como as chibatadas que outrora dilaceravam-me as costas.
Batidas no tempo certo...
O sonho, o sangue do septo nasal
Do alto... escorre... mas meu semblante permanece altivo.

E nem por isso deixo de sonhar
Com o dia em que o batuque
Que agora se ouve na madrugada
Apague as marcas que minh’alma carrega
Por séculos e séculos passados,

Num martírio sem fim – era assim! (...)
E nem por isso deixo de erguer o nariz, e seguir adiante
Pois o sangue que me corre nas veias
Jamais escorrera em vão...
Luz que me guia, que me leva pela mão.

E o septo outrora partido
Presencia o surgimento
Da mais linda nação. Imaginação!
Noção de que tudo o que se passou
Não passa de mera ficção

Impregnada nas páginas dos livros,
Imortalizada nas entrelinhas da história,
Na memória da população
Simpática, asséptica, lunática
Que batuca no batuque da ilusão.