Em construção

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] out./2005

Argollo Ferrão, A. M. de (2005). Em construção [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri2/tri2-138/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Em construção. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Vendo, crendo, escrevendo, lendo lendas (pp. 124-125). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Em construção
Está bem! Comecemos a lição:
Mantenha-se calmo, relaxe,
Busque inspiração.
Conte até dez antes de estourar...
Lembre-se de sua posição:
Você é um ser
Que não vive sem ilusão.
Pare, recue, aja com moderação,
Anote a placa do caminhão
Que o atropelou – e consagrou
Uma tonelada de razão!
Espere,
Parece que não há mais solução,
A poesia está na UTI,
Moribunda,
Avacalhada, vilipendiada
Por um bando de burocratas
E executivos estéreis
Sem a menor condição
De sonhar, e viver, e voar...
Moribunda, pálida e amorfa
Como um relatório semestral,
Ou um “Manual da Qualidade”.
Não há mais jeito, não tem solução,
Elas venceram, venceu a razão!
Bruxas despudoradas, mal-amadas,
Prostitutas sem graça,
Sem alma, sem nada, que dão
A preço de banana, por um gole de cachaça,
Dão risada com suas bocas banguelas, fétidas,
Enciumadas que estão,
Por sermos quem somos e elas serem quem são.
Deixe estar, não ligue não...
Viva o prostituto poeta vilão!