Poetas e prostitutas

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] out./2003

Argollo Ferrão, A. M. de (2003). Poetas e prostitutas [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri2/tri2-25/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Poetas e prostitutas. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Vendo, crendo, escrevendo, lendo lendas (pp. 29-30). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Poetas e prostitutas
Muitos poetas são como prostitutas...
Cada musa é a mais linda do mundo
E no instante seguinte
Outra musa lhe inspira o coração,
Mas as prostitutas vendem o que os poetas dão.

O amor de um poeta às suas musas
Pode fazer dele um “puta poeta”...
Movido à paixão, volúpia, devoção,
Um prostituto poeta vilão
Que desvenda o que musas e putas são.

Diz o poeta às suas musas
Que nunca viu sorriso igual,
Que são lindas como a aurora,
Traça sempre um ideal
De beleza, ternura e perfeição.

As musas são fontes de inspiração,
Motivo de perdição
Do prostituto poeta vilão,
E neste ponto elas são
Como prostitutas pervertidas:

Habitam a zona seleta,
Sagrada e profana, secreta
Zona de prostituição
Que é o coração de poeta,
Do prostituto poeta vilão.

Mas veja a subversão
Do texto que se inicia com a afirmação
De que poetas podem ser como putas
E se encerra com musas comparadas
A pervertidas mulheres de boa vida.

Todavia,
Há nisso tudo um ponto em comum:
A maneira toda especial
Com que putas, musas e poetas
Pensam e fazem pensar.

Todo dia,
Fantasias a empreender, sonhos a realizar,
Pois o fascínio que essa gente exerce
Vem das muitas faces que possuem
E dos múltiplos humores que têm.

Humores...
E amores também.