Poema concebido em Campinas [SP/BRA] out./2003
Argollo Ferrão, A. M. de (2003). O reinado das morenas [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri2/tri2-26/>.
ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008
Argollo, A. (2008). O reinado das morenas. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Vendo, crendo, escrevendo, lendo lendas (pp. 30-32). Campinas [SP/BRA]: O Autor.
O reinado das morenas
Tentar traduzir o que vi naquele bar é difícil, Só mesmo com uma trilha sonora para ajudar. Quer samba? – (vai, vai, vai)... Quer jazz? – (vem, vem, vem)... Era o reinado das morenas, Meninas bonitas, pequenas... sensuais. Vi uma que me viu E outra que não vi mais. Estava lá e sumiu, Saiu e nem olhou para trás. Vi aquela que mais chamava a atenção. Era bela, meiga, segura de si, Com muita graça atraía os olhares De todos os homens do bar, E de outras três moças que estavam ali, Aflitas a disputar a mesma canção, a mesma atenção. Vi dezenas de morenas Sambando o samba de roda. Cinturas finas, nádegas em cenas Lindas, típicas, tropicais, Requebrando e quebrando tudo E tudo, de resto, não contava mais. Vivianes e Loretas, Sandras, Marietas... As nádegas que vi remetiam-me a bucólicas letras De samba – choro e antigas operetas. Vi veneno nos olhares – veneno de aranha, Vi sorrisos, adereços e detalhes De uma morena cheia de manha. Vi de tudo, vi de mais. Vivi tudo e quero mais A vívida loucura do samba Que nesta terra se faz, E que faz com que as nádegas mais lindas Dancem empinadas para trás, embasbacando quem Vê o vaivém que essas morenas fazem tão bem. Vi bocas carnudas, pés e tornozelos, Lindas nádegas em curtíssimas bermudas, Morenas coxas, simétricos peitos Redondos e bem conformados: perfeitos! Tudo isso eu vi, e nada me sai das retinas. Era o reinado das morenas... Essas moças pequenas – meninas, Mulheres mais lindas do bar. Roda de samba florida: cerveja, suor e luar... Eu vi tudo isso e vim aqui contar Porque o reinado das morenas deverá se prolongar Até que o último sambista caia e elas parem de sambar.