Nada disso

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] nov./2003

Argollo Ferrão, A. M. de (2003). Nada disso [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri2/tri2-33/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Nada disso. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Vendo, crendo, escrevendo, lendo lendas (pp. 38-40). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Nada disso
Minha cara, a que altura estás?
Menos trinta? Menos cinqüenta?
Quantos metros debaixo do chão?
Responda-me, para que eu tenha uma idéia
Superficial que seja
Do quanto eu me afundei.

Constato, pois,
Que para te encontrar por aqui
É porque estou nos quintos dos infernos!
E já que aqui estou, então vou te comer,
Vou meter, gozar!
É isso que vou fazer.

Mas... necessito saber
Quantos metros estás debaixo do chão.
Há quantos metros, minha nêga? (...)
Tua vagina cheira mau,
Tua boca cheira mau,
Teu cabelo... teus pêlos...

A quantos metros debaixo do chão?

Tu te deterioras a olhos vistos!
E o pior é que de nada reclamas,
Por quase nada te vendes.
Tu (...) que nada! És nada!
Safada, mal-fadada, mofada,
Mal-fodida, fada má.

Pobre bruxa na fogueira
Ardente, esdrúxula, demente,
Decadente moribunda, bunda... vagabunda
Que nos mostra o quanto estamos debaixo do chão!
Nada a ver, nada a vender,
Tua bunda é nada, não vale nada.

A bunda e o triângulo em que se afunda...
O “triângulo das bermudas”, bunda transcendental.
Bunda onipresente, quanto queres pra sumir?
Bunda onipotente, quanto queres pra viver?
Bunda onisciente, vale muito o teu silêncio
Eloqüente, intrigante, explícito, torturante...

O fato de não falares, não sentires,
O fato de não mais existires,
O fato de sumires!
Quanto queres pra morrer
Em paz... (?) e me deixares em paz (!)
Suma! (...) Em suma... nada!