Poema concebido em Campinas [SP/BRA] dez./2003
Argollo Ferrão, A. M. de (2003). Rosa cheirosa [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri2/tri2-42/>.
ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008
Argollo, A. (2008). Rosa cheirosa. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Vendo, crendo, escrevendo, lendo lendas (pp. 48-49). Campinas [SP/BRA]: O Autor.
Rosa cheirosa
O cheiro, o gosto, o tato Ah... a química do amor! O tato remete à Física Mas o cheiro e o gosto não: São pura Química. Se não são, me explica: Por que é que existem mulheres Bonitas, mas ditas “sem sal”... E outras meio sonsas, apagadas, Mas que na cama parecem brilhar? E não ficam aflitas, Não se complicam... São calmas, soberanas, Seguras de si, Benditas! Me explica, sem querer intelectualizar: Por que é que existem mulheres Bonitas Que gelam e ficam esquisitas Na hora de dar? Existem aquelas Que não são assim tão belas Mas são quentes e sensuais, Espetaculares Artistas feiticeiras... Conheci uma Que pareceu-me tranqüila. Achava-se gostosa, Estava certa de que era (...) E era mesmo... Todavia, o perfume que exalava, Mal sabia, Era inebriante. Ela de fato era muito cheirosa, Estonteante. Ela me falava delicadamente E com certo ar de constrangimento: – Não faz assim meu amor (...) Não faz assim que eu não agüento! Era cheirosa aquela mulher... Cabelos, axilas, seios, pernas, e O olor do sexo... Perfume de rosas. Complacente o seu olhar, Delicada e tranqüila... Falava pouco, murmurava, quase gemia, Mas de repente se calava E me deixava pasmo, Mudo, atordoado, Tanto que eu nem me mexia (...) Era quando eu percebia Que o delicioso perfume da rosa era fatal, Veneno alucinante e letal que me envolvia E me deixava entorpecido, embriagado, enlouquecido, asfixiado. Era quando eu me acabava de amor... envenenado.