Ao prostituto poeta vilão

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] jan./2004

Argollo Ferrão, A. M. de (2004). Ao prostituto poeta vilão [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri2/tri2-51/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Ao prostituto poeta vilão. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Vendo, crendo, escrevendo, lendo lendas (pp. 54-55). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Ao prostituto poeta vilão
Permitam-me, prezados leitores,
Fazer-lhes a apresentação
De um poeta prostituto,
Um verdadeiro vilão
Cujos versos – perversos, impolutos
Trago à tona, à remissão.

Senhoras e senhores:
Eis o prostituto poeta vilão!
Autor de escritos esquisitos
Que explicitam ou deflagram conflitos
Mesclando frugais expressões cotidianas
Com palavras de baixo calão.

Prostituto poeta, autor de versos subversivos
Que não falam somente de flores,
Cores, sabores, odores...
Dores que massacram
Na calada a quem rumina
Perdidos amores...

Amadores – versos mal acabados,
Muitos há muito esquecidos
Nas etéreas esferas da ilusão,
Nas profundezas austeras da razão.
Autocrítica, autodefesa,
Alto lá, poeta vilão!

Desconhecido do grande público – abnegado,
Tranqüilo em relação ao anonimato – maduro,
Vive em paz o poeta vilão.
Prostituto contumaz,
Ama todas as mulheres que possui.
Às que não ama, diz que ama e se inflama na cama.

Amante refinado, cuida bem de suas musas.
Sonhador compulsivo, jamais perde a esperança
De viver um grande amor,
Vivenciar o êxtase da paixão,
Enlouquecer, perder a razão,
E depois: escrever com o coração.

Senhoras e senhores,
Poetas maiores, poetas menores:
Feita esta breve apresentação,
Um singelo porém sincero tributo,
Rogo-lhes de vossa atenção, um minuto
Ao prostituto poeta vilão.