Transgressão

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] Mai./2004

Argollo Ferrão, A. M. de (2004). Transgressão [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri2/tri2-56/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Transgressão. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Vendo, crendo, escrevendo, lendo lendas (pp. 59-60). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Transgressão
Pergunto sem contudo querer resposta:
Está tudo uma maravilha,
Ou o mundo está uma “b.”
Do jeito que o diabo gosta?

Pense, meu bem,
Sem querer me convencer:
Temos de ser porra-louca
Para fazer poesia?
Ou seremos burocráticos, eternos
Seres sem brilho nem expressão
Nessa porra (muito louca)
Dessa vida tão vazia?

Desculpe-me, meu bem,
Não quis parecer grosseiro.
Devolva-me, porém,
O meu travesseiro.

Viraste de lado,
Não queres mais conversar?
Ou me convidas a agir:
Melhor fazer amor do que filosofar?

Vem, meu bem,
Não quero te desapontar.
Ser poeta é transgredir,
Subverter, abusar...

Se é isso, enfim, ser porra-louca,
Então está tudo bem,
Maravilha:
Do jeito que a gente gosta...

Aceite-me, porém,
Sem querer modificar,
Denegrir ou sublimar
Este meu precioso estilo zen.