Poema concebido em Campinas [SP/BRA] Mai./2004
Argollo Ferrão, A. M. de (2004). Queda [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri2/tri2-62/>.
ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008
Argollo, A. (2008). Queda. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Vendo, crendo, escrevendo, lendo lendas (pp. 63-65). Campinas [SP/BRA]: O Autor.
Queda
Mientras que te vayas bien, Tudo bem! Mas depois que te tiram o chão: Queda! Quem foi que por acaso lhe viu E apontou, e se riu... Veja, amor, Aquele homem caiu... (?) Quantos foram que você nem viu, E ao enfrentar o público Olhou para o céu e sorriu, Fechou os olhos... e pronto! A imagem sumiu... (?) Pano escuro lhe encobrindo a vista, Uma senhora lhe olha assustada, Outra pára de ler sua revista... Indignada, a platéia assiste calada. Jorra-lhe sangue da fronte No chão, dizem: veja! Ele cuspiu... Calma minha gente, está tudo bem, É só mais um pobre sem dente... E as horas não passam, E a vergonha lhe encobre a dor, Você fica encabulado, inibido, sem graça Sob holofotes, nu... respira fundo, já sem pudor. Fica quieto – diz a mãe ao menino – assista ao espetáculo... Você rumina alguma idéia revolucionária... Nada de vingança, nada de terror, Apenas uma atitude ordinária, Mas brava, que arranque do povo o torpor. Tudo bem, tudo certo... Ontem eu paguei minhas contas, O mês está no fim, e por enquanto Não devo nada a ninguém... ai de mim! Levante-se, homem, Olhe para a frente. As pessoas se riem ou têm pena De si mesmas, em última análise. Não esmoreça, não lamente, Recupere o orgulho e saia em praça pública, Ganhe ruas e avenidas, Vá ao campo, engula paisagens... Mientras que te vayas bien, Tudo bem! Mas depois que te levantaste do chão, Queda!(...) para fazer a revolução.
Queda