Romanos (des)sagrados

Poema concebido em Roma [ITA] out./2004

Argollo Ferrão, A. M. de (2004). Romanos (des)sagrados [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri2/tri2-83/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Romanos (des)sagrados. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Vendo, crendo, escrevendo, lendo lendas (pp. 79-80). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Romanos (des)sagrados
Dai a César o que é de César,
Dai a Deus o que é de Deus...
E foi Deus Quem deu a César
Roma.

E Roma expandiu-se e cresceu
E conquistou o Ocidente
Até que Roma deu a Deus
A gente.

E a gente tinha de rezar,
Temer e se ajoelhar,
E esperar o que se almeja
Da Igreja.

Assim criou-se todo um mercado.
Deus, agora aprisionado,
Só nos faz mandar recados
Via santos autorizados.

E são tantos, em véus e mantos,
Que eu me sinto incomodado,
Pois a Igreja deu a Deus
O pecado!

Deus então fez-se Homem,
Veio ao mundo anarquista,
Hippie, viajante, pacifista...
Mas foi assassinado.

O homem matou o Homem
E deu adeus a Deus...
Voltou-se a si, hipócrita! E declarou-se
Sagrado!

Apossou-se de Deus,
Eternizou-O crucificado,
E botou Deus de castigo, ora veja,
Na Igreja.

E assim pensa aliviar-se do Juízo,
Garantir o seu lugar ao lado Dele
Invadindo despudoradamente, sem vergonha,
O Paraíso.

Dai, pois, adeus ao que é de Deus...
Eis que em Roma há novos Césares
E na Igreja muitos santos
Em ricos mantos amontoados.

Dai, meu Deus, ao homem algum juízo
E ao que é sagrado, o Paraíso
E, finalmente, ao deus-mercado, que pecado:
Prejuízo!