Entre colunas dóricas

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] Mai./2005

Argollo Ferrão, A. M. de (2005). Entre colunas dóricas [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri2/tri2-97/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Entre colunas dóricas. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Vendo, crendo, escrevendo, lendo lendas (pp. 91-93). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Entre colunas dóricas
Adiantei-me e vislumbrei o cenário mais propício,
Enfrentei adversidades,
Derrotei a tirania e as vicissitudes que encontrei,
Recolhi-me em seguida a um hospício.

Fui um adversário leal
Mas tornei-me um inimigo explícito.

Onde quer que estejas vou te pegar,
Trucidar tua figura patética,
Combaterei tuas idéias medíocres,
Romperei as trincheiras que construíste.

Serei um adversário leal
Mas um inimigo como nunca viste.

Desarmarei tuas armadilhas,
Cuspirei no teu prato de comida,
Te estriparei, e num gesto impiedoso
Pisarei no teu pescoço.

Sou um adversário leal
Mas como inimigo, um colosso.

Alimentarei teu mais temível pesadelo,
Transformarei teu sangue em mijo,
Aniquilarei tuas crias e teu povo infeliz,
Deflorarei teu ânus e socarei teu nariz.

Sou um adversário leal
Mas, um inimigo voraz.

Apertarei tua garganta até faltar-te o ar,
Enterrarei teus sonhos no meu jardim,
Encherei teu estômago de terra e cal
E te farei vomitar em soluços trágicos.

Sou um adversário leal
Mas um inimigo letal.

Apagarei a luz que te guia,
Esmagarei a estrela-do-mar,
Chutarei a bunda das moçoilas,
Calarei a voz das mocréias.

Sou um adversário leal
Mas um inimigo implacável.

E se tu ainda viveres,
Desejarás nunca teres nascido,
Voltarás com o rabo entre as pernas
Para o antro de onde não devias ter saído.

Sou um adversário leal
Mas um inimigo vingativo.

E saibas que não te desejo o mal,
Apenas te retribuo
O que tu tens feito comigo,
Impondo-me assédio moral.

Pois sou um adversário leal
Levado a ser teu inimigo,
E por isso, sereno, te digo:
Cuidado, tu vais te dar mal.

Aviso, tu corres perigo...