Amália urbana

Poema concebido em Lisboa [por] Mai./2006

Argollo Ferrão, A. M. de (2006). Amália urbana [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri3/tri3-04/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Amália urbana. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Entre símbolos e a perfeição (p. 11). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Amália urbana
Dessa vez a encontrei calada e, calado,
Meus olhos não brilharam como no primeiro encontro.
Ela, sonolenta, me convidara a deitar
E dormir um pouco...

E eu, sem qualquer expectativa,
Já não esperava retê-la em minh’alma.
Não pretendia engolir cada esquina do seu corpo,
Nem gravar em minhas retinas sua aura clara.

E não me adiantou voltar com mais rugas no rosto,
Nem a ela ter deixado o cabelo crescer.
Na boca a beijava sentindo o mesmo gosto,
Certo de que não tínhamos mesmo muito a dizer.

Eis que despida ela continuava a me fascinar,
A me surpreender, a suscitar – me fazer querer...
E assim foi que acabei me comprometendo
A permanecer seu fã,

Pois discreta e silenciosamente,
Quando a tenho em meus braços
Retribuo-lhe os sentidos que nos alimentam em comunhão
Ainda que ocasional...