Poema concebido em Barcelona [ESP] Mai./2006
Argollo Ferrão, A. M. de (2006). Barcelona mulher [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri3/tri3-05/>.
ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008
Argollo, A. (2008). Barcelona mulher. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Entre símbolos e a perfeição (p. 12). Campinas [SP/BRA]: O Autor.
Barcelona mulher
Há quase dois anos eu não a via,
Mas sabia que ela ainda estava lá...
Linda, impetuosa, maravilhosamente fria,
Todavia quente quando quer se insinuar.
Convidou-me a sentar
E eu já fui logo me deitando – este aqui é o meu lugar!
Não me levanto, daqui não saio,
Vem pra cá meu bem, vamos conversar...
Era tanta luz e tanto som
Que não se fazia necessário falar.
Eu caminhava a esmo, em cada esquina um frisson
Diferente me induzia – como sempre – a gozar...
E eu gozava mesmo! Nossa! Como gozava!
Ao menos 20 vezes ao dia,
A cada passo em cada esquina eu me calava,
Minha voz não saía – não precisava – meu corpo dizia.
Ela me estendera a mão num cumprimento
E eu fui logo beijando sua boca.
Mas ela não se esquivou, não me evitou, não se afastou...
Ao contrário: ao meu toque, foi logo tirando a roupa.
E sei que será sempre assim
Pois vibramos numa mesma sintonia.
Não necessito dela nem ela de mim
Mas quando juntos, haja paz, e amor, e harmonia...
E chegou a hora de ir-me embora,
Embora ir-me, eu não quisesse...
Mas bem sei que o que importa é o “aqui e agora”
Que a memória traz à tona como em prece.
Daí, mulher – Barcelona – esta poesia
Para ti – cidade tão bela – que bem merece.