Amor iminente

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] ago./2006

Argollo Ferrão, A. M. de (2006). Amor iminente [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri3/tri3-26/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Amor iminente. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Entre símbolos e a perfeição (pp. 30-31). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Amor iminente
Páginas em branco,
O texto não transmite a idéia
De que o começo houvesse se dado
Naquela tarde chuvosa,
Quando o olhar que ela desferira
Atingira de cheio o coração do poeta
Desatento, entretanto presente,
Mesmo invisível aos sentidos da gente
Que em volta nada via de mais,
Nada percebia de diferente.

Sentimento profundo de paz,
Um mergulho tranqüilo n’água quente.
E de lá nunca mais quer o poeta sair,
Não adianta insistir – nem tente.
É seguro estar só
Mesmo rodeado por muita gente.
É seguro estar só: em paz.
E o amor, essa intrusa semente,
Que brote, e cresça e apareça,
Frutifique e justifique-se...

Tranqüilamente.

E o sorriso insistente
Não sai mais do rosto do poeta
Apaixonado, de tranqüila mente.
O brilho nos olhos,
O beijo, possivelmente doce...
E meigo, e carinhoso e demorado,
Os gestos simples,
Os toques sábios
De quem parece ter muito a dizer
Mas se comunica intensamente sem falar.

Que a paz esteja com a gente
Que se sente bem quando só...
Mas que não teme o amor,
Pois que a qualquer instante – iminente –
Pode surgir do nada
E transformar tudo
Em paz...
De repente, a semente
Que brota, e cresce e aparece
Na mente da gente que a traz.