Fluxos contínuos

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] set./2006

Argollo Ferrão, A. M. de (2006). Fluxos contínuos [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri3/tri3-31/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Fluxos contínuos. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Entre símbolos e a perfeição (pp. 35-36). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Fluxos contínuos
Excita-me vê-la excitada,
Deitada em pose displicente,
Exalando charme e perfume
De fêmea que não mostra o que sente.

Apenas permite o desfrute
De quem a seus pés se ajoelha
E beija, e elogia, e deita e rola
Mas perto do ápice recua e pára.

Nesse instante o tempo é que parece parado,
Pois é crucial segurar o gozo
E permitir que os fluxos de energia vital
Transmigrem-se para o resto do corpo – todo retesado.

E assim se mantém a energia,
A graça do jogo, a poesia
Da cena que na cama se eterniza
De modo que o sacrifício valha a pena.

Assim mesmo é que eles se entendem
E ninguém mais os compreende, enfim.
Ele e ela reciprocamente atraídos, distraídos a jogar
Como jovens que aprendem o prazer que dá amar.