Poema concebido em Campinas [SP/BRA] out./2006
Argollo Ferrão, A. M. de (2006). A encruzilhada [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri3/tri3-38/>.
ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008
Argollo, A. (2008). A encruzilhada. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Entre símbolos e a perfeição (p. 43). Campinas [SP/BRA]: O Autor.
ISBN 978-85-7899-607-9 / Publicado em 2019
Argollo, A. (2019). A encruzilhada. In M. Martelli (Org.). Encontro além-mar: Brasil-Portugal (p. 192). Jundiaí [SP/BRA]: In House.
A encruzilhada
É bem na encruzilhada do caminho Que o desejo se esvai num símbolo E o lúdico se torna sério E o martírio um gozo nítido A ponto de chamar a atenção Dos loucos que distraídos cantam E mergulham na escuridão. É bem na encruzilhada do caminho Que se empregam os sentidos sórdidos E se rotulam os desvios clássicos Dando-lhes importância ínfima De maneira ignóbil e pueril Rompendo ditames impostos Por sombrias dignidades gentis. É bem na encruzilhada do caminho Que se faz da reticência a crença De que o jogo nunca chega ao fim Pois os passos que conduzem ao caos Resumem o trágico roteiro Tornando explícito o que era obscuro E claro o que não se conhece por inteiro. É bem na encruzilhada do caminho Que a tortura se impõe como prece E o corpo arquejado e flácido Desnuda-se desvelando o enigma Da mais pura energia latente E se vangloria do ato heróico – mas desfalece, De modo que é bem na encruzilhada que de tudo se esquece.