Sereia sutil

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] nov./2006

Argollo Ferrão, A. M. de (2006). Sereia sutil [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri3/tri3-42/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Sereia sutil. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Entre símbolos e a perfeição (pp. 47-48). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Sereia sutil
Observadora atenta,
Desliza sutilmente seu charme
Como isca infalível
Apta a fisgar um tubarão.

Sereia discretamente vaidosa,
Faz que não sente nem sabe de nada,
E quando menos se espera
Age naturalmente com muita sensualidade.

E desvia a rota dos mais imponentes transatlânticos,
E afunda titanics distraídos...
Surfa sobre as mais perfeitas ondas,
Finge afogar-se num copo d’água.

Apresenta suas armas com leveza,
Aparenta estar entregue, mas claramente
Diz a que veio com doçura e bastante firmeza...
Oculta a mais preciosa pérola em sua concha quente.

Indica o caminho a seguir,
Atrai com seu canto os marujos mais desatentos
Fazendo-os prestar reverência – sedentos,
Deixando-os estáticos sem ter como fugir.

Ao final deleita-se e com um mero sorriso
Volta-se ao seu estado essencial,
Mítico, metafísico, imaterial
De fêmea absolutamente satisfeita – nua no paraíso.