Deslumbre

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] fev./2007

Argollo Ferrão, A. M. de (2007). Deslumbre [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri3/tri3-58/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Deslumbre. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Entre símbolos e a perfeição (p. 62). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Deslumbre
Avançando em sua direção,
Eis que quando a viu nada sentiu,
Não lhe veio à boca o coração, não suou,
Não corou, quase nem notou que ela sorriu.

Mas era claro que ela não ficaria indiferente,
Pois a todo instante se portava como uma iniciante
Que mal disfarçava o desconforto em seu semblante
Apenas atenuado por não se apresentar como pretendente.

E à noite ela se vestiu
Como para despir-se, com um decote generoso...
Num preto básico que a todas as demais cores engoliu,
Serviu-se de vinho e ele por pouco em gozo não sucumbiu.

Bem que tentou manter-se impetuosamente distante,
Querendo, no entanto, beijar-lhe
Cada centímetro daquele colo desnudo.
Logrou, todavia, um sorriso e um olhar provocante,

E assim, sua aura magna, agora radiante, refletiu
Finalmente o brilho que dos seus olhos parecia ausente.
Eis que ela continuava deslumbrante como sempre,
E ele por ela deslumbrado – como nunca – se viu.