Ruído na comunicação

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] fev./2007

Argollo Ferrão, A. M. de (2007). Ruído na comunicação [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri3/tri3-62/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Ruído na comunicação. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Entre símbolos e a perfeição (pp. 65-66). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Ruído na comunicação
O barulho do motor de um veículo,
Uma peça de madeira que estala,
O som do vento que bate na janela,
O silêncio que o tempo cala.

De resto... está tudo em paz,
A noite passa lenta,
Parece que nunca mais vai passar.
Demora, mas o sol há de raiar – agüenta!

O barulho do caminhão de lixo,
Os trabalhadores da madrugada:
Putas, poetas, mendigos...
Promessas de romance a uma falsa namorada.

De resto... está tudo bem demais,
À noite as sombras ganham vida,
Assombram para chamar atenção, mas
Dissipam-se logo em seguida – sob luzes celestiais.

E o ruído que era contínuo, pára.
O vento insiste em soprar,
E as sombras agora iluminadas, somem.
Dá-me sono, vou dormir, ou talvez... acordar.

De resto... bom,
É já que o sol aparece,
E o tempo que nunca pára, agora parece
Correr sem tanta pressa – assim, bem devagar...