Ao capitão-do-mato

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] nov./2007

Argollo Ferrão, A. M. de (2007). Ao capitão-do-mato [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri3/tri3-72/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Ao capitão-do-mato. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Entre símbolos e a perfeição (pp. 76-77). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Ao capitão-do-mato
Dá-lhe capitão-do-mato,
Rasteja na mata e caça o negro fujão.
Capitão capeta, que mata quem se mete em desacato,
Fareja, persegue e captura o capital do patrão.

Trabalha, trabalha nêgo.

Dá-lhe capitão-do-mato
Que capta na mata
Os sinais do negro fujão,
Dá-lhe capeta – continência ao capitão.

Trabalha, trabalha nêgo.

Dá-lhe capitão-do-mato,
Sob sol ou chuva, incansável
No rastro do negro fujão.
Dá-lhe capitão, como um cão à caça de um rato.

Trabalha, trabalha nêgo.

Dá-lhe capitão-do-mato,
Que a história há de fazer-lhe justiça.
Dá-lhe, capitão, uma definitiva lição
Ao negro fujão – esse bicho-preguiça.

Trabalha, trabalha nêgo.

Dá-lhe capitão-do-mato, motivos ao Tim,
Ao Benjor e ao Gil, Caymmi, Vinicius e ao Tom
Jobim – estou nessa, capitão, e não estou
Nem perto de enjoar-me de mim.