Burocrática

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] nov./2007

Argollo Ferrão, A. M. de (2007). Burocrática [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri3/tri3-73/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Burocrática. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Entre símbolos e a perfeição (pp. 77-78). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Burocrática
Gorda bruxa
Que me comove
Estando atrás de um balcão...
Autoridade esdrúxula
Que remove seu rancor
Depositando sobre o pobre,
O desavisado e honesto cidadão
Comum – trabalhador –
As “ranzinzisses” que lhe habitam a alma,
As frustrações, e o que lhe aplaca a dor,
Suas amarguras, suas desventuras,
Sua falta de pudor.
Gorda bárbara
Travestida de importante funcionária
De uma empresa respeitável
Ou de uma repartição qualquer,
Pública ou privada,
Representante da mais sórdida
E impenetrável,
Da mais depravada e execrável
Burocracia burra
E corrupta!
Gorda nojenta,
Suma daqui, pois estamos cheios,
Ninguém mais agüenta
Tanta falta de caráter.
Gorda estúpida
Que dá a bunda aos canalhas
Mas recobre os seios,
Recatada em seus idílicos,
Impróprios, insidiosos, ilícitos,
Maléficos devaneios...
Promovendo benefícios por insólitos meios
Intrinsecamente agregados às tetas
Disponíveis a quem mama
Sem medir os sacrifícios
Impostos à ética,
Gorda patética.
Gorda podre,
Que até sua aura pesa
Lastimavelmente sobre
A gente que a despreza
Mas respeita sua instituição egoísta,
Gorda oportunista,
Gorda nociva,
Gorda má,
Gorducha
Fiel retrato de uma nação doente,
Desapareça para sempre,
Gorda impertinente
Que suga o trabalho da gente.