Penitência

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] abr./2007

Argollo Ferrão, A. M. de (2007). Penitência [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri3/tri3-78/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Penitência. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Entre símbolos e a perfeição (pp. 82-83). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Penitência
Como posso me esquecer do que disse a você
Se quando eu abro a boca me vêm
As palavras que selaram minha promessa
Nunca feita, nunca cobrada
Mas a cada instante cumprida e renovada?

– Amor infinito a cada mulher amada!

Como é que eu posso viver assim
Com essa ausência deliberada,
Causada por um capricho meu
E um descuido seu – mancada –
Que me mantém longe de mim?

– Amor infinito à distância sem conflito!

Como posso pensar em outra coisa
Que não seja nos beijos que lhe dei
E que fizeram com que você se desse
De tal modo entregue, que mesmo eu
Que não sou santo me ajoelhei em prece?

Eu rezava na sua cartilha
Que brilhava e brilha... até hoje! Como brilha!
Rezava o mesmo tanto que gozava
Pois que o gozo me elevava
Ao estado mais puro de minh’alma escrava,

Absolutamente presa
Mas que assim se libertava...
Entre o sagrado e o profano eu ficava
E por via das dúvidas... rezava
E gozava, e rezava e gozava...