Poema concebido em Campinas [SP/BRA] mai./2007
Argollo Ferrão, A. M. de (2007). Entre o incômodo e a preguiça [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri3/tri3-83/>.
ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008
Argollo, A. (2008). Entre o incômodo e a preguiça. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Entre símbolos e a perfeição (pp. 88-89). Campinas [SP/BRA]: O Autor.
Entre o incômodo e a preguiça
Há um forte desejo de mudança... Tão forte quanto a resistência a mudar. A tensão entre o que é, mas não pode ser mais E o que não é, mas pode vir-a-ser Só se rompe quando o incômodo For maior que a preguiça. O desejo então será capaz de levar Ao estado essencial, quase mítico De um processo sem fim. É isso – e se não for, fica assim. Mas poucos conseguem reconhecer, Sentir, ou sequer intuir, quanto mais crer... Tal sintoma por demais sutil Não aparece com clareza Nas grandes revoluções, De maneira que fica a idéia De que esses impressionantes movimentos Tenham surgido do nada, qual geração espontânea... Não se tem a compreensão de que do nada Apenas fez-se a luz – Fiat Lux – momentânea, Porque de resto... tudo é processo, Uma sucessão de estados de mudança Que faz deste mundo profano Uma animada pista de dança. E sendo assim, tudo – absolutamente Tudo – há de ser visto em processo Como germes destinados ao sucesso, Como numa tragicomédia ao avesso Eternamente em cartaz, desprovida de malícia Desde a ruptura ocasionada pela elevada tensão Entre o incômodo e a preguiça.