Rito brando

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] mai./2007

Argollo Ferrão, A. M. de (2007). Rito brando [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri3/tri3-84/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Rito brando. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Entre símbolos e a perfeição (pp. 89-90). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Rito brando
Brando.
Absolutamente sereno,
Profundo o meu gesto em rito
Como meu olhar que te acalma quando
Brando, te penetra ameno...
Suspiras e desfaleces num sono fecundo.

Gozamos...

É hora do banho – quase mítico...
E nessa hora não há meios de controlar-me.
Quero lavar a alma...
Da minha mão a palma, do meu corpo
A calma, do meu espírito o karma,
Do meu pensamento o nada.

E então dormimos...

Juntos,
Sempre juntos
De maneira tal que o ato,
Mais que um trato, represente de fato
Uma cena que se repita sempre
Como um rito de prazer.

Gozamos...
E então dormimos...

Juntos,
Sempre no mesmo ritmo – quase ritualístico,
Após levitarmos o corpo, após alimentarmos
A alma, após nos atracarmos
No mais seguro porto – livre –
Absolutamente incólumes de qualquer trauma.