Altas temperaturas

Poema concebido em Campinas [SP/BRA] fev./2007

Argollo Ferrão, A. M. de (2007). Altas temperaturas [web]. Disponível em <http://argollo.org/tri/tri3/tri3-89/>.

ISBN 978-85-908725-0-4 / Publicado em 2008

Argollo, A. (2008). Altas temperaturas. In A. M. de Argollo Ferrão (Ed.). Entre símbolos e a perfeição (p. 94). Campinas [SP/BRA]: O Autor.

Altas temperaturas
Quente, muito quente, subiu a temperatura
E o clima resultante do aquecimento global
Nos remete a um estado nostálgico surpreendente:
Saudade da frescura...

Cândida e complacente, da mais pura
Musa – ora ausente – mas inolvidável como tal,
Pois que o semblante era um reflexo natural
Da mais elaborada expressão de ternura.

Meiga e delicada – uma doçura
Que se impunha a toda gente
Com gestos simples traduzindo o trivial,
Trazendo à tona sutis tonalidades de sua própria loucura

Configurada como obra de arte – autêntica arquitetura,
Mais que única, original quando exposta à luz do sol
Após uma torrente tropical que encharca,
Enxágua, ilumina, e desbota-me a clássica postura.

Enfim esvai-se toda – inexoravelmente,
Pois está quente, muito quente,
E o clima outrora ameno, hoje longe do ideal,
Nos remete ao fim dos tempos, fim dos dias de amargura.